O Brasil já registra mais de 600 mil novos casos de câncer por ano, segundo informações do Global Cancer Observatory. Entre os tipos que mais preocupam está o câncer de rim, uma doença silenciosa que já causou mais de 10.800 mortes no país entre 2019 e 2021, conforme dados da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia). Com números expressivos, o tumor renal representa o terceiro lugar entre os mais comuns do aparelho geniturinário.
Segundo o urologista Pedro Junqueira, doutor pela USP (Universidade de São Paulo), o avanço da doença está diretamente ligado ao crescimento da obesidade, do sedentarismo e da hipertensão arterial na população. “Pacientes com sobrepeso têm maior chance de desenvolver hipertensão arterial, que também é um fator de risco para câncer de rim, o que faz um efeito bola de neve”. Outro fato preocupante apontado pelo médico é que obesos, hipertensos e tabagistas também apresentam maiores chances de complicações específicas do tratamento do câncer de rim. “Um exemplo é a maior taxa de infecção pós-operatória. Resumidamente, a doença tende a aparecer em pacientes mais fragilizados pelas comorbidades que são fatores de risco. Uma combinação pouco amigável.”
O câncer renal tem maior incidência nos homens do que em mulheres, e tende a acometer mais os pacientes acima de 50 anos. “Entretanto, não é raro operarmos pacientes jovens e do sexo feminino”, afirma Junqueira.
A maioria dos diagnósticos são feitos por acaso, em pacientes sem queixas que realizaram exames de rotina ou por outros motivos. A presença de sintomas decorrentes do tumor renal geralmente significa doença mais avançada. Esses sintomas são presença de sangue na urina, dor nas costas, abaulamento na lateral do abdômen, febre persistente e perda de peso significativa.

Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que mais de 430 mil pessoas são diagnosticadas com câncer de rim todos os anos no mundo, e cerca de 155 mil morrem anualmente em decorrência da doença.
Goiânia tem tecnologia de ponta, mas ainda pouco conhecida
Apesar da gravidade dos números, avanços importantes na medicina têm ampliado as chances de sucesso no tratamento da doença. Em Goiânia, a cirurgia robótica já é uma realidade, embora ainda pouco conhecida por parte da população. Muitos pacientes, inclusive, acabam deixando o estado em busca de um tipo de procedimento que já está disponível na capital.
“A cirurgia robótica é especialmente indicada para a nefrectomia parcial, quando é possível retirar apenas o tumor e preservar o rim. Ela oferece uma visão tridimensional e maior precisão nos movimentos, o que é essencial para áreas de difícil acesso. Aqui na capital temos dois hospitais que oferecem essa técnica”, explica Junqueira.
Entre os principais benefícios deste tipo de procedimento estão o menor sangramento, a redução na necessidade de transfusão de sangue, a preservação de maior quantidade de tecido renal funcional e uma recuperação pós-operatória mais rápida. “A tecnologia robótica representa um avanço importante na urologia e pode significar um impacto direto na qualidade de vida dos pacientes”, pontua o especialista.
Prevenção ainda é o caminho mais eficaz
Mesmo com avanços significativos no tratamento, o cenário exige uma forte resposta preventiva. O alerta é para a manutenção de hábitos saudáveis, prática de exercícios físicos, controle da pressão arterial e abandonar o cigarro.“O câncer de rim é traiçoeiro justamente porque, muitas vezes, não dá sinais. Por isso, o acompanhamento médico, a atenção aos fatores de risco e a prevenção, buscando hábitos saudáveis, são indispensáveis”, finaliza Junqueira.